quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O sono é o melhor estado da matéria. Voltando a ser zumbi...03...02...01...Fui.



DIFERENÇA ENTRE OLHO DE VER E OLHO DE ENXERGAR

O povo deveria começar a se interessar mais pelo que acontece a sua volta [e me incluo, sou povo que nem sempre presta a atenção no visto!],
mas não estou falando de fofocagem barata, estou falando de abrir os olhos
de ver, porque enxergar todos nós enxergamos, mas será que vemos?
Será que a gente vê o quanto sai todo mês do nosso bolso, em imposto?
Será que a gente vê que o posto de saúde mais próximo quando tem médico falta remédio, e vice-versa?
E que marcam consultas, na maioria das vezes, para uma data tão tão lá a frente que a pergunta certa seria : Será que vou estar vivo?
Será que a gente vê o olhar perdido do médico sem saber como dizer que o tal exame urgentíssimo terá que esperar na fila única do SUS, que assim que surgir a vaga, notificarão?
Será que a gente vê, além do olho dele, o ser humano que mora ali, e consegue entender que a decepção é igual a nossa?
Será que a gente vê que a educação faliu de vez, falta conteúdo, falta o mecanismo de pensar, falta o incentivo, falta matéria, material ou mestre?
Será que a gente vê que o professor, por mais que se esforce, nunca conseguirá ganhar essa batalha por falta de apoio, de salário, de condições para evoluir e de tempo para cursos e oficinas que o deixaria mais apto?
Será que a gente vê que diminuem nosso transporte, deixam que se desintegrem por falta de manutenção ou reposição, trens cada dia mais lotados de um povo triste, que perdeu o direito ao respeito?
Será que a gente vê que tiram linhas de circulação pra fazer corredor expresso, com transporte rápido e de primeiríssimo mundo, mas que andam lotados também, e só vão até onde nos deixam ir?
Será que a gente vê que passam carros velozes, no espaço enorme que sobrou, dirigidos por senhores de terno, com gente risonha, geralmente só, no banco de trás, indo para os Shoppings da vida, ou para Empresas grandiosas e imponentes, que nem olham para o lado, porque povo espremido e em pé nas conduções da vida não é visão das mais agradáveis?
Será que a gente vê que o salário da gente cada vez compra menos e que se começa a cortar o essencial como se supérfluo fosse?
Será que a gente vê o comércio de carne humana, povo se vendendo porque não tem outra saída, não tem oferta de emprego, não tem oferta de vida?
Será que a gente vê o lucro dos bancos e consegue comparar com o juro do nosso dinheiro suado, separado com dificuldade, tirado na marra do orçamento, colocado em um fundo qualquer, numa poupança dessas encolhidas, pra se ter esperança que renda o suficiente - quem sabe? - pra se ter, num futuro nebuloso, um teto?
Será que a gente vê como aumenta, a cada dia, a turma dos desempregados, cada vez mais próximos. Um filho, um vizinho querido, o irmão da amiga, o marido, a prima?
Será que a gente vê que quem se aposentou a menos de dois anos já perdeu cerca de 25% do salário, e não tem nenhuma perspectiva de ver o quadro - negro - revertido? E quem se aposentou a mais de dez anos está tendo que ir pra economia informal, vender qualquer coisa, representar produto de limpeza, de beleza, lingerie, fazer artesanato e bater de porta em porta?
A maioria dos aposentados e pensionistas já recebe salário mínimo.
E é isso que faz com que muitos tenham que trabalhar, fazendo bicos, para complementar a renda, como porteiros, vendedores ambulantes, motorista,
após 30, 35 anos de luta dura ...
Será que a gente vê que quem [supostamente] ganha para resolver essas situações citadas acima, além de ótimos salários, aposentadorias especiais mantendo planos de saúde que nós, pobres mortais, gentinha sem merecimento aos olhos de ver deles, nem ousamos sonhar, geralmente se aposentam com oito anos, ou um pouquinho mais, de "trabalho" remunerado por esse povo que lhes deu emprego com o voto, só legislam em causa própria?
Será que a gente vê, ou só enxerga, de passagem pela vida, rebanho que somos?

elza fraga -
 — se sentindo desesperançada.

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