quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ABUSEI DO PRIVILÉGIO



Estou cá, com meus botões, a tentar definir o quanto amadureci ou desajuizei, o quanto criei - ou mudei de - hábitos, da maneira mais fria e imparcial possível, depois desses acontecimentos que tomaram o país de ponta a ponta.
Logo nos primeiros atos de insurgições
[amo transformar palavras, de verbo a substantivo ou de substantivo a verbo, tanto se me dá...]
decidi que as redes de TV não eram honestas o suficiente, não contavam as verdades das ruas. Desisti delas e parti pra mídia alternativa - via internet.
Aí entrou um complicador dos bons, como separar o que é vero, da picardia? O que é fato, da utopia? O que é notícia procedente, do que é plantado com a intenção de confundir?
Lenta que sou (a própria Homer Simpson de saias) desisti de tentar fazer a peneirada e passei a me guiar, única e exclusivamente, pelo faro.
Voltei ao princípio dos tempos onde o humano, como nossos irmãos animais, usava a intuição e o nariz ao alto, em falta de mecanismo mais técnico.
Aí comecei a sentir que os fatos fediam mais que o imaginado.
E então larguei de vez essa besteiragem de querer saber das coisas.

Como a intenção inicial, lá do primeiro parágrafo, era medir meu grau de evolução [ou involução], devo confessar, me surpreendi em quanta capacidade ainda tenho de rolar ribanceira em matéria de despreparo. Não sabia que a matéria ignorância podia ser cruzada com a matemática e ser elevada a potência, e nem quero fazer essa conta correta pra não me surpreender com o resultado, só admito até a 3° potência, mais que isso corro o risco de querer abdicar do direito a vida sobre apenas duas patas.
E agora, depois que descobri que posso ser mais tolinha do que sempre pensei, me pergunto como os amigos vão aguentar sustentar um diálogo
com esse ser desinformado em que me transformei.
Não sei como andam as novelas num país de experts no assunto.
Não sei a última notícia "em primeira mão" do sr Bonner e da Dona Patricia, parece que ela também é poeta e poeta gosta de andar nas nuvens, as informações por lá são escassas.
Não sei qual a mais recente declaração bombástica de presidente, governador, prefeito. Pra ser bastante honesta não sei nem mais se eles estão saindo de casa pra governar alguma coisa...
Não sei se a polícia acuou mais povo, se inventaram armas novas depois do gás de pimenta, balas de borracha e pistola de choque.
Ou se o povo formou uma barreira compacta e aprendeu capoeira pra gingar entre balas e jatos de spray.
Não sei se redes de TV ainda funcionam com programação normal ou se todas se uniram em rede e se transformaram numa grande
Nickelodeon [TV for children], recheadinhas de desenhos entendíveis por qualquer faixa etária.
Como podem ver, desajuizei e está difícil entabular um conversê comigo,
até de mim para mim mesma.
Abusei do privilégio...

[elza fraga]