quinta-feira, 1 de setembro de 2016

NA CORDA BAMBA



Sei que o atalho pra sanidade é não pensar, mergulhar no consciencial e escutar o que ele tem pra hoje. Mas está difícil levar essa vida mais ou menos complicada, mais ou menos injusta, mais ou menos cruel, mais ou menos nada.
Como gostaria de - igual a qualquer pessoa normal - brincar de casinha, fazer minha comidinha, regar minhas plantinhas, cantar para os passarinhos, contar minhas historinhas, dormir uma noite inteira (de tudo é o que mais me faz falta!) e acordar para um novo dia, com a mesma rotina, começando com a meditação e acabando sem sonífero de preferência.
Mas isso é pra quem merece, não é para quem acumulou tanto pensamento torto que ficou com a calha da mente entupida.
Gente como eu merece mesmo isso que tem:
Querer e não poder. Tentar e não conseguir. Começar e não acabar. Escrever pra tentar consertar todos os fatos consumados. E fracassar no intento.
Reescrever a história por cima do já escrito fica meio inelegível, mas é tentativa também, quem sabe dá certo?
Dizem que vida é sina, destino, não creio nisso. Sina é ter entrado bem lá atrás na viela errada e não ter se dado conta, e depois de quase todo o caminho percorrido olhar pra estrada que nos ficou às costas e se surpreender com o quanto de caminho fora da rota já se fez.
É como contar uma história e não ter fecho pro final porque se perdeu o personagem em estranhas minudências, se divagou demais. Tal e qual faço.
Nunca tive e nunca terei o direito de ser normal, levar uma vida sem riscos ou sustos, sempre essa corda bamba estendida me chamando, vem ver a vida aqui do desequilíbrio, vem...
E eu, burra, vou!

[elza fraga]
Imagem retirada da internet.