sábado, 6 de outubro de 2012

EXPERIENCIANDO



Andou o dia todo pela estrada poeirenta, ondulante, nem fome batia na barriga vazia. Sabia que era dura a empreitada, mas tinha escutado da mulher antiga que morava dentro dela que era possível, isso bastava.
E aí, já no final da tardinha, quando o sol descia morno por trás da montanha e quase sumia na risca do mar, ela chegou ao final da estrada. Não tinha mais pra onde andar r
eto, ou era subir ou voltar, estava na embocadura do céu com a terra. Resolveu num impulso: - "Vou subir mesmo que me falte o ar na empreitada".
Mas antes, pra se certificar de que não passaria por mentirosa se voltasse pra contar a história, levantou os braços e numa ousadia rasgou um pedaço do azul, ainda quentinho do sol batente, guardou nas dobras do vestido, respirou fundo todo o ar que conseguiu sugar pelas narinas e subiu o primeiro degrau...

[elza fraga]

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