Vinha eu e meus botões, de cabeça baixa pra não trumpicar nos calçamentos irregulares das obras da rua, inacabadas, esperando inauguração pras vésperas da eleição. Meu olho se deparou com algo brilhante, entre uma pedra solta e outra. Abaixei, cuidadosamente, escutando o crec do joelho sequelado, e pincei com os dedos uma medalhinha, dizeres apagados pelo tempo. Uma imagem sofrida, quase
como se uma lágrima fosse descer a qualquer momento medalha abaixo.
Fiquei ali parada, como a idiota que vez por outra me toma o conteúdo,
sem decidir se abrigava o bendito achado, ou o descartava no mesmo vão
de pedra. Resolvi. Vai ter um lar! Abri minha correntinha, e no meio da
rua mesmo, passei a medalha pelo fio, recoloquei a corrente, agora com
mais um símbolo de alguma coisa incerta, ainda incompreensível. E voltei
a minha lenta caminhada, passos antes trôpegos, contados, com uma
estranha e nova alegria no peito, como se alguém tivesse soprado vida
nova pra dentro dos pulmões tão debilitados, ar renovado, esperança nas
batidas coordenadas deste coração emendado em tres pedaços.
E tem gente que nem acredita em milagres...
E tem gente que nem acredita em milagres...
Salve,Elza!!!! Vim ler sua prosa gostosa!
ResponderExcluirBeijos
Neusita