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Ele não mais a atenderia. Ela sabia com uma convicção dolorida e estranha.
Passara em revista todos os seus últimos atos atrás do que poderia ter gerado aquele desprezo, aquele abandono, aquele tom mordaz e frio da conversa derradeira.
Telefonar seria inútil, havia a tecnologia batizada de bina, invenção humana para se atender apenas
os que interessam por um motivo ou outro.
A mola que move o homem sempre não foi essa? A do interesse em se levar alguma vantagem?
E ela nada mais tinha a oferecer a não ser a própria morte a se aproximar sorrateira, sinuosa, fingindo que estava só por perto para assustá-la.
E quem é doido de atender e entender a moribundez do outro ser humano?
Ele é que não era !
Melhor mesmo pra ele era ficar calado, do outro lado do fio, a espreitar o número que o visor mostrava.
Bem que tentara esconder que havia um espião a lhe confidenciar que o número do visor era o dela.
Falhara na tentativa por confiar demais na sua boa estrela.
A morte não é boa companheira para quem se pensa apenas na metade do caminho.
Mal sabe ele dos critérios que movem a mão do que faz a tão temida lista.
Não é com certeza a ordem de entrada neste mundinho complicado, tem muito detalhe que nos escapa
que não nos é dado saber, não é da nossa competência.
Mas ela agora sabia, como se o véu se descortinasse total e rapidamente a sua frente,
o medo que o afastara não era ela e seu cheiro de morte,
era a consciência de que um dia a morte se aproximaria dele também,
por mais que corresse, e, como estava fazendo agora, com ela, faria com ele.
O abraçaria pra sempre.
(Elza Fraga)
Muito bom, Elza!
ResponderExcluirBeijo, querida.
Oi, Lara, menina poeta!
ResponderExcluirAchei triste, mas mesmo assim escrevi. Estou começando a entender que o triste é o maior bocado, o feliz é um feixe rápidamente amarrado,
fininho, jogado em um canto qualquer dos nossos sonhos. Bitokitas de filuminar a vida procê.
quando nos escontramos de fato sem remissão,
ResponderExcluirabraço
É, Assis, aí é o confronto do nosso eu imaginário [sempre nos pensamos melhores, rsrs]
ResponderExcluircom nosso eu espiritual, o real.
E aí, como se diz, o bicho pega!
Brigadim pela visitinha, desculpe se estou pouco na net, mas estou no limiar da exaustão.
Mas um pouquinho e a nefanda me abraça, rs,
sorte que sei negociar com ela..
Bitokitas de muita luz.
Sempre bom passar por aqui e te ler, Elza.
ResponderExcluirBj carinhoso linda.
Oi, Luciano,
ResponderExcluirbrigadim por passar por aqui, brigadim por me ler.
Suas visitinhas me
alegram a alma e sempre são
muito bem-vindas
Bitokitas de muita luz e carinho procê.
Aproveito para deixar meu pedido de desculpas ao Assis pelo furo de portugues na resposta que lhe dei, ponha na conta do cansaço, rsrs
"Mas [no lugar de MAIS] um pouquinho e a nefanda me abraça,"
Fiquem na luz.
A sabedoria,as dores,os encontros e desencontros da vida são sua matéria-prima, . E você, com sua poesia ma-ra-vi-lho-sa renova sua linguagem e se expoe, oferecendo-nos sua intensidade e sua profundidade.
ResponderExcluirAdoro ler-te.
com toda minha admiração
Karla Julia
Ao longo do nosso percurso de vida vamos deparando com uma série de obstáculos. Podemos vencer alguns deles, podemos vencer a maior parte deles... mas nunca o último que se nos depara: a morte.
ResponderExcluirDizem os sábios que não se deve receá-la, sob pena de não vivermos a nossa vida por inteiro. A dignidade está no tentar vencê-la, tentar sempre, até à derradeira gota de suor.
Bjs
Karlinha, amiga poeta das boas!
ResponderExcluirVocê postar um comentário no meu blog
me honra por demais, sô.
Sou meio retirante em contos e meio ácida em poemas,
falo das dores porque elas chegam e se instalam,
como se nossa alma fosse seu habitat predileto.
Um dia ainda vou escrever coisas doces,
é só o amargo descer garganta abaixo.
Pode esperar, rsrs.
Bitokitas de gosto um muitão assim ":)", óh, de você. Muita luz, amiga querida.
Olá. querido AC
ResponderExcluirBrigadim pela visitinha,
E é verdade não se deve temer a morte como não se deve temer nada.
A vida é pros fortes de espírito.
Só temos que ter medo de ter medo, não sei a autoria desta frase, mas
é a que me norteia.
No mais é sorver o ar até a última gota, depois... bem depois é o que imaginamos e plasmamos.
Seremos após a morte o que plasmamos durante a vida, de bom ou de ruim,
de bem ou de mal.
Não a temo, mas estou pedindo uma prorrogação porque [acho] tenho muita coisa ainda
a fazer neste planetinha azul,
mas como com Deus não se barganha, aceito a Sua Vontade e tentarei estar pronta na hora do apito final.
Que dê tempo de fazer o cabelo, unhas, podologia e colocar um jato de Quartz atrás de cada orelha, rsrsrs, são os meus votos.
Bitokitas, fique na luz
Hai que ser... Fuerte!
ResponderExcluir:)