sábado, 23 de março de 2013

O CONTO PERDIDO



Sabia que era um conto vindo de mansinho assim que doeu no ventre e subiu peito acima tentando destrancar a garganta.
Pensei, ah, te peguei, agora fica paradinho aí, que vou começar a desenhar as letras.
Desceu goela abaixo correndo.
Era um conto tímido.

[elza fraga]

quarta-feira, 20 de março de 2013

ERA UMA VEZ... A LUA


 

[Uma pequena contribuição para o Dia Internacional do Contador de História -- 20 de março]

Era uma vez...
Um lugar distante onde só morava a lua, não tinha habitante. Todas as noites descia pelo céu aquela moça branca e nua, atravessava toda a rua sem asfalto lá do espaço, se mirava em todas as lagoas, brincava com as águas riscando com seus raios. Sonhava com o dia em que chegassem os sapos, ao menos os sapos, pensava distraida...
Um belo dia chegou uma grande comitiva em seus cavalos alados, pedido atendido, mandaram não só sapos, mandaram os humanos, seus ódios, suas crias...
E a lua, escondida, suspirou num desabafo: Nem precisava tanto...
E até hoje quando ela vê discórdia se esconde entre as nuvens. As vezes se transforma, vira minguante de tristeza. Crescente quando sente que tem criança perto. Quando vê sorrisos e abraços, fica cheia pra participar da festa da alegria. E quando vê muita maldade fica nova pra resgatar a pureza perdida... Coitadinha da lua que se vira em quatro pra tentar agradar a todo o planeta, afinal, lembra ela, quem foi que pediu tanto pra ter companhia?...
Ela não me contou ainda, mas -acho eu- que até se arrependeu.

[elza fraga]

segunda-feira, 18 de março de 2013

TERAPIA DO ABRAÇO



Tenho um amigo ateu até o osso... Nas vezes que o encontro, discutimos filosofia, falamos com ironia de literatura, de música, de arte, ele cansa rápido, talvez medo que eu tente convencê-lo da vida pós morte. Aí busco seu abraço que dá claridade, como tem conforto o seu braço forte, abraço que abençoa, mas me calo, deixo em segredo, pra não perder a bênção, só fico ali, presa no abraço até me preencher da Luz que ele emana. Quando cada um vai pro seu lado e digo vai com Deus para um incréu, ele sorri e segue, eu paro na calçada até sumir seus passos.

Tenho um amigo negro de luzir... Nas vezes que o encontro meu sorriso brilha de ver sua alegria em sorrir pra mim. Como é bom seu jeito de menino grande, seu andar gingado, amo seu abraço. Quando ele parte meu olhar estica até que dobre a esquina com seu passo largo. Sinto segurança por toda uma semana, pois fico com as palavras mais fortes e amigas dançando comigo, como se ele fosse para um lugar distante, mas deixasse o abraço até o seu retorno.

Tenho uma amiga simples de dar gosto... Fala tão macio, sabe tudo um pouco, mas não se aprofunda, se poupa da dor, diz que quem aprende muito não consegue entender o que está por perto e fica com a cabeça, permanentemente, perdida na lua. Abraça apertado de doer costela, mas dá uma vontade de ficar pra sempre dentro do abraço dela, aconchegadinha. Quando parto, olho para trás até ter torcicolo, numa má vontade de ter que partir, até ela sumir nas sombras do portão. Sinto seu abraço até chegar em casa, é só fechar o olho e abrir a porta do meu coração.

Tenho uma amiga, menina ainda, nem sabe o que quer ser quando crescer... Quando ela me vê seu olhinho brilha tanto que me dá vontade de me enternecer e repetir, só pra mim, baixinho, a frase tão batida de Saint-exupéry, que sou responsável pelo que cativo. Pede uma história que conto com gosto, me escuta atenta, só mãos inquietas, acompanha cada gesto pra não perder um ponto, uma reticência, um pulo do sapo, o passeio da princesa, nada lhe escapa. Antes de ir correndo para a brincadeira passa seus bracinhos na minha cintura, me abraça e diz um "upa", lhe respondo rindo que foi meu melhor abraço em um ano e meio.

Tenho um amigo poeta... Pensa que é louco porque pensa muito, mas acho até pouco tudo o que ele pensa, porque quando me conta do raio de luz que atravessou o céu vindo da estrela que ele acredita que seja a amada já perdida em outra vida. Batida de carro, sobrou muito pouco, só a dor, a poesia não escrita, e o soluço que sufocou a escrita. Ah, quando ele me abraça, transfunde poesia como quem doa sangue. E fico apertada de nó na garganta querendo prendê-lo dentro do meu braço pra calar o pranto que chora pra dentro. E sigo seus passos até a segurança do seu espaço, sem que ele perceba, para protegê-lo dos seus pensamentos e da solidão.

E quando penso nas pessoas que não tem nenhum abraço me dá uma vontade louca de sair repartindo todos os que ganho.
Mas me disseram um dia que gente grande tem vergonha de ser abraçado, eu não acreditei, mas não me arrisquei... ainda.

[elza fraga]

DEFININDO AMIZADE


Assim defino amizade :
Ela é irmã da compreensão e da aceitação.
É ver o amigo/irmão com suas imperfeições e dizer a própria alma, também tenho as minhas, vou focar apenas nas coisas boas que este meu ser querido tem, pois isso é mais importante.
É aprender a entender o dito e o não dito, sem achar que cada palavra mandada é uma agulha enfiada na carne da gente, pode ser que se esteja percebendo errado o peso de cada uma delas.
É dar um voto de confiança, antes de julgar.
É não exigir a perfeição, ninguém a possui.
É não reclamar da pessoa, com terceiros, quando a mesma não está presente.
É dar o direito ao outro de ser diferente em qualquer área:
Torcer por outro time. Não comungar na mesma fé. Ser de outro partido. Pertencer a outra raça. Gostar de pagode.
O amigo mesmo tudo pode sem perder a condição e o contrato selado, carimbado, chancelado, autenticado para sempre!
A amizade é quase como dar um ingresso vitalício a outro ser para que ele assista a história da nossa alma.
E tem um valor que nem se mensura, pois não se coloca plaquinha com preço em amizade expondo nas esquinas!

Se não for neste tamanho e nesta doação, desculpe, não é amizade, é companheirismo, é coleguismo, é relação social apenas!
Temos, e rápido, que aprender a diferenciar uma das outras pra que a vida fique mais fácil de ser levada, porque qualquer fardo a mais que se carregue por engano, pesa, e muito, nesta louca e bela viagem.

[elza fraga]

domingo, 10 de março de 2013

TENHO AMIGOS SIM, E DE QUE QUALIDADE!


TENHO AMIGOS SIM, GRAÇAS! E TENTO SER UMA PESSOA "LIMPA" DE ALMA, ISSO ME PARECE MAIS IMPORTANTE QUE QUALQUER OUTRA LIMPEZA
[Mas descobri que a minha transparência, postura e limpeza vem incomodando um pouco a uma minoria mal amada!]

Tenho amigos sim! Honestos, fiéis, irmãos 'quase', talvez nem 'quase', pois o sangue que corre nas veias humanas é igual em tonalidade, muda a tipologia, não o conteúdo. E estes amigos/irmãos são todos sinceramente comprometidos com a verdade, e me rejubilo por cada um deles em minha vida... Somando, amparando, alegrando meus dias noturnos [paradoxo? Não! É que existem dias escuros como a mais escura madrugada].
Tento, me esforçando na medida máxima, devolver o carinho, o conforto e os sorrisos em igual medida e os reverencio a cada segundo. Não citarei nomes, pois são tantos que posso, sem querer, deixar algum de fora. Mas quem ler este texto saberá o quanto cabe aqui, ou não.
Meus amigos não foram achados, encontrados, feitos, foram "reconhecidos" no decorrer da vida, pois me acompanham em muitas. E eles tem o mesmo júbilo que eu em me contar entre seus amigos, sabem o peso e o comprometimento desta palavra.
Eles fazem parte das minhas preces, tanto quantos os que se orgulham de dizer que não gostam de mim e tentam levar mais gente na corrente fazendo intriguinhas meio debilóides, quase infantis... Será que este segundo grupo não entende que existe gente que ainda não se emprenha pelo ouvido?
Estes, os que caluniam e usam seu tempo na fofocagem e deboche, se, num assomo de hipocrisia, disserem que são meus amigos, me ofenderão mortalmente
Mas, como nem tudo é lodo e madrugada feia e escura, ainda existem dias de sol brando, tardes de arco-íris e noites de lua cheia, muita gente [olha que usei a palavra gente, pra mim bem mais forte que "ser humano" ou "pessoa"] gosta de mim sim!
Olhares e corações não conseguem disfarçar o sentimento.
Só os hipócritas pensam que conseguem, mas fazem uma espécie de engano em causa própria, são eles os enganados o tempo todo. Chega a hora em que as máscaras caem. Mas, antes mesmo delas cairem, eles são tão execrados e caluniados pelas costas, quanto caluniam os outros. Até quem os ajuda na maledicência, sai dali espalhando veneno contra eles, numa louca roda que não acaba nunca para os infelizes que sobem neste círculo endoidado.
Vampirizam e são vampirizados.
Dói em pessoas do bem saber que muitos destes tiveram sempre oportunidades de atravessar pro lado da Luz. Alguns inclusive usam o disfarce de alguma religião, frequentam templos, conspurcando o Sagrado Nome do Criador.
"Quem leva calúnias e maledicência para alguém, informações, fofocas, também tem outros amigos, e leva, no mesmo teor, notícias fresquinhas, verdadeiras ou não, deste alguém para a sua outra corriola." E este é o risco que corre o maledicente...
Mas, como diz o velho ditado: "Quem está na chuva é pra se molhar"
Eu, felizmente, uso capa e guarda-chuva.
E tento não ser melhor nem pior que ninguém, apenas fazer o meu comum da maneira mais justa possível, rezando na cartilha que diz sobre o: -- "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".
Respeitando estas duas orientações facinhas de serem cumpridas a vida se torna fardo menos pesado, mesmo quando nem tudo na vida da gente cheira bem como algumas flores, porque para narizes sensíveis algumas pessoas, que se pensam belas por fora, fedem no interior de se sentir longe!
E aqui encerro este assunto que nem doeu... Vindo de onde veio nem poderia doer, mas deixou um profundo sentimento de pena misturado a nojo.

Bitokitas de Luz aos Amigos que sei que são muitos e iluminados, agradeço a Deus por cada um deles!
E meus votos de que a minoria [de um ou dois, talvez três, quem sabe ao certo?] ainda tenha tempo, nesta vida, de passar pro lado da Luz!

BALANÇO GERAL



Sinto falta do tempo perdido com pessoas que não entenderam a doação de minutos preciosos, horas gastas em conversas que só entraram em orelhas, donas de ouvidos que nunca participaram.
E dói mais quando percebo que perco muito mais tempo ainda, sentindo falta!
Sinto falta da moleca que fui até pouco tempo atrás e que a ciência, numa tentativa de ser maior, desconstruiu, e deixou peças faltantes para que não possa mais montar este quebra-cabeça que chamam de vida. E como corre rápido este tempo enquanto cato os cacos...
Sinto falta do ar que nem agradecia, pois era farto, de boa qualidade, sem esforço me inflava pulmões e fazia a máquina andar azeitada. Hoje, tão raro, sugo em tentativas de continuar de pé.
"Só mais um pouco, só até a próxima esquina", repito, tentando respirar enquando ando, como mantra.
E sigo, meio fantasma, meio zumbi, cambaleando na estrada, já quase vendo a placa de saida.
Sinto falta dos amigos e agregados que sumiram nas curvas, nas encruzilhadas, na calada das noites mornas, num "vou ali" sem endereço. E é mais tempo que perco ao perder o olhar no vazio procurando seus vultos, mesmo com a certeza que a espreita é vã, nada mais será igual ...
Outras pessoas entrarão, amigas ou não, ficarão o tempo necessário pra me fazer o bem ou o mal que mereça, estas também sumirão nos caminhos sinuosos da minha existência. E perderei mais tempo lamentando o futuro que nem chegou e, quem sabe, nem chegará?
Sinto falta da casa cheia, dos risos fartos, das visitas inesperadas e bem-vindas, da convivência que existia quando eu era gente. Sinto falta de ser, novamente, necessária. Mas sei que há o tempo de rir e de chorar, e é no riso que se acumula e no choro que se perde.
Sinto falta do que tive e jamais terei de volta.
E sinto falta do que não tive por usar o tempo de forma errada, com gente errada, com conceitos errados, com visão errada, com palavras erradas, com decisões erradas, com vida errada.
Acho que dentro do meu corpo mora a alma errada, me deram senha trocada na hora da vinda...
Sinto falta de não ter acertado de primeira e ter escoado a vida pelo ralo da ignorância e me acuso, ré confessa, de não ter percebido, a tempo, que gastei todo o tempo com quem nem me merecia segundos...
Sinto tanta falta!

[elza fraga]

sábado, 9 de março de 2013

CARAPUÇA



PARA AQUELE(A) QUE SE ABORRECER COM ESTE TEXTO
[Nao vista a carapuça, é só um artigo a respeito da área comportamental humana]
 

Acho que eu já disse, mas repetir isso hoje vai me fazer bem a alma:
Tenho uma vergonha imensa de pertencer a raça humana. E cada dia aumenta!
Raça que mente, usa até seu tempo de "cuidados com a beleza" pra fazer maledicência e tranças em conversas nem tão secretas com massagistas e manicures, nos escondidos dos seus quartos, onde deveria haver respeito, conversas sadias, amor ao próximo, para que a presença dos seres iluminados pudesse, na hora do descanso, se chegar e velar pelo sono, dar o refrigério do amor Divino.
Sem entender que "beleza" mesmo é não falar de quem não está presente para se defender. Beleza mesmo é conversar sobre coisas decentes, é aprender a domar a lingua com conversas construtivas.
Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas uma das leis que Jesus nos deu pra seguir quando aqui esteve foi a de amar seu semelhante como a si mesmo.
Então, mesmo não gostando, temos o dever de tentar amar e respeitar o próximo e só dizer dele [ou fazer a ele] aquilo que gostaríamos que nos fizessem.
Nem é difícil, um bom treinamento e o "orai e vigiai", pronto, se consegue rapidinho.
Muito mais difícil é tramar e urdir mentiras, inventar fatos, jogar lama em nome alheio, apenas para esconder fatos concretos, situações insustentáveis que não se conseguiu resolver e que está prejudicando terceiros e quartos. Então se espalha mentiras a respeito dos envolvidos para distrair o foco da incompetência própria!
Beleza mesmo mora dentro de alguns poucos. E a estes eu respeito e admiro, pois ainda consigo enxergar quando o interior é luz.
Tanta gente que luta para ser bela com alta tecnologia [rsrs], mas que se os outros mortais conseguissem olhar o interior, fibra por fibra, fugiriam da visão dantesca, porque levam a visão do inferno dentro de si.
Raça suja que usa a covardia como arma e fala do que não sabe, não viu, não tem provas, pelo prazer de encher a boca imunda com o nome de quem nem no seu toca.
Gentinha insana, mesquinha, despudorada [no sentido de não ter freio na lingua devassa].
Esteja a vontade quem vestir a carapuça para imprimir e vir com o peso da lei, porque hoje em dia as ameaças são frequentes para aqueles que não são coniventes com a mesquinhez de certos infelizes que se comprazem no mal, chafurdam na lama, e perdem precioso tempo nos "santuários de seus lares" para destruir reputação com invencionices malucas.
E a quem tem tempo sobrando pra tanta maldade, um conselhinho e dou de graça, dispensa a lavadeira, a faxineira, mete a cara no trabalho sujo, que garanto, não vai sobrar um segundinho sequer pra embelezamentos exteriores feitos enquanto se cultiva a arte perniciosa da calúnia, do desamor.
Ah, se ainda assim sobrar tempo, por milagre, pode vir até o meu apartamento, parece que ele anda meio desprovido de limpeza, sabe como é, a dona da casa doente não dá conta do recado, rs!
Não exijo perfeição, todos somos sombra e Luz, mas repito, me envergonho de estar "ser humano" no meio de tanta podridão que avança em onda lamacenta tentando me atingir. Não vai conseguir, sou imune a cobrices e sujeiras, me vacinei!
Levo uma máxima, desde jovem, vida a fora:
"O que os outros pensam e dizem a meu respeito é problema deles, eles é que vão acertar esta conta com Deus. O meu problema é o que penso, falo e como ajo com os outros, porque aí quem acerta esta conta sou eu".
E por seguir esta máxima a risca é que na minha casa entram poucas pessoas, só gente do bem e da Luz, daqui não sai fofoca, maledicência e nem trancinhas da vida alheia.
Talvez por não fazer parte do coro dos infelizes e maldosos caluniadores, não permitir este tipo de comportamento dentro do meu lar [porque o meu eu respeito, quem não quiser respeitar o seu, esteja a vontade], eu seja sempre o alvo, mesmo que eles saibam que estão mentindo...
Mas o que é uma mentirinha a mais ou a menos para gente sórdida. não é mesmo?
Eu ia fechar com a frase que uso para os amigos:
"Fiquem na Luz",
Mas acho que esta é mais apropriada:
Busquem a Luz!

sexta-feira, 8 de março de 2013

TODOS OS DIAS SÃO NOSSOS


 

[Que a gente consiga administrar o tempo, porque ser mulher é dolorido, mas é doce e gratificante quando se organiza as prioridades]

O mundo progrediu... A mulher foi de carona?
Ou conquistou no braço, no suor, na marra, seu quinhão de independência?
E que independência seria esta?
Existe mesmo esta talzinha de que tanto falam, mas que, quem mora dentro de um corpo de mulher, procura, procura, e fica a ver navios?
É fato: Mulher em mesmo cargo que homem, mesmo tendo maior escolaridade, ganha 30% menos que ele. E aí entra a independência e a liberdade de poder chiar a vontade.
Mulher ainda tem tripla jornada: Profissional, mãe e doméstica.
Mulher, mesmo tendo que tomar decisões amadurecidas e sensatas, tem que ser jovial.
É essencial que não perca a ternura da menina, que não deixe a mostra a raiz grisalha, que não engorde, que tenha a palavra certa para manter a paz do lar, que assuma seu ofício sem reclamar.
Mas que ofício é esse que esconde tantos?
Mulher é mil e uma utilidades?
A violência contra a mulher aumentou? Ou é reflexo da liberdade de reclamar, a mulher perdeu o medo e agora aponta o dedo pro algoz e este fato alterou as estatísticas?
Ou diminuiu? Mas como se ainda vejo mulheres amigas inteiramente submissas, falando baixo na hora do futebol do seu macho? É respeito, medo ou mistura dos dois?
Muitas vivem assustadas com que humor ele pode chegar da labuta, mas, vindas também da luta, obrigadas a dar o seu melhor.
Afinal família come, e quem é responsável pelo jantar, trabalhe fora de casa ou não?
Não é que ser mulher seja difícil, não! Ser mulher é quase impossível.
A sociedade moderna ao nos abrir portas, nos tributou com encargos pesados demais, nos fez acumular onde era pra trocar.
Nada contra homens em geral, até gosto, sério!
Mas já passou da hora da avaliação, com propriedade e boa vontade, do que realmente a mulher ganhou [ou perdeu].
Fechar as contas no vermelho já é normal, temos que partir pra contabilidade mais confiável, puxar dados, fechar dentro do nosso orçamento/alma.
Começar a distribuir tarefas para as várias mulheres que moram dentro da mesma casca.
E a primeira, de cara, é dura, é descascar o abacaxi mais espinhento que já vimos.
Homem é diferente na anatomia. Talvez na maneira de pensar também, mas quem pode mudar isso?
A mulher! Como educadora, criando seus filhos como iguais, respeitando as diferenças e incentivando a igualdade.
Depois partir pra segunda, não somos super em nada, ou vamos a luta atrás de dinheiro ou vamos ser domésticas. Escolha.
Se optou pela primeira não abra mão de estar com os filhos e o companheiro, eduque com pulso firme, mas doce.
Mas tenha lazer e não tarefa e obrigação, terceirize seu lado doméstico, dê responsabilidades a quem divide o mesmo espaço. Não se deixe domesticar pra fazer tudo no automático porque algo vai ficar incompleto.
E a terceira é apenas um conselho:
Perca o medo!
O medo de não ser boa o suficiente. O medo de dar pouco tempo pros agregados. O medo da maturidade. O medo de falar o que sente. O medo de ser você mesmo, sem máscaras. O medo de levar desaforo pra casa. O medo de deixar de ser a "mulherzinha" cheirosa. O medo dos filhos, sim, mulher tem medo de filho, de opinião de filho. O medo de viver com as rédeas soltas.
Esqueça todos estes medos, levante o nariz, faça só o que sua estrutura aguenta, porque o dia que acordarem com a casa no maior caos, a comida fora da mesa, a organizadora fora do ângulo de visão [sempre deixe um bilhete na geladeira, funciona que é uma beleza: "Fui ali fora ver a vida passar em ritmo mais lento!" ];
a família, com certeza, vai entender o recado, fazer o mutirão e colocar tudo ajeitadinho.
Agora, se você é uma das poucas com o privilégio de ter um suporte vinte e quatro horas por dia, em forma de arrumadeira, cozinheira, governanta, relaxe... Este texto tem zero por cento de chance de ser pra você.

[elza fraga]

terça-feira, 5 de março de 2013

ARRUMANDO AS MALAS



Abriu a janela, teve medo dos raios... Fechou e cerrou cortinas.
No inferno do quarto quente se desejou morta, achou uma tarde ideal pra se morrer de repente.
Ninguém ia sentir muito a sua falta.
Talvez demorassem semanas a perceber a ausência.
Mas a morte não vem célere, ao primeiro chamado.
Ela foge de quem a busca e caça os fugitivos.
Muito louca esta tal de morte, e ingrata ainda por cima.
Por acaso não sabe que larga retalhos de pele e ossos, que nem mais gente é, esquecidos, nesta sua seleção macabra?
Abraçou os ossos do joelho, quase feto, tentando voltar ao útero do universo.
Nada mais lhe era de gosto, nem verso lhe fazia gozo. Nem de ler, nem de escrever!
Só queria um pedacinho limpo de morte, uma canção leve pra ajudar o transpasse, mãos que a segurassem no salto por sobre o abismo, ou asas, quem sabe?
E a ausência de dor por toda a eternidade.

Decidiu.
Abriu a janela, inventou as próprias asas, e fez o serviço que a louca da morte vinha protelando por castigo ou preguiça.
E voou em busca de abrigo, agora novamente livre de amarras.
Pronto, já podem chegar os abutres pra divisão do festim.
Tim tim!

[elza fraga]